Já que as favas estão aí, recordo que, no dia da abertura da exposição "Raiz de brinquedo", fui informado de uma brincadeira que se realizava no Alentejo, mais propriamente em Serpa, por uma visitante dessa localidade. Tratava-se de uma manada de vacas, feitas com favas. Os seus membros eram pequeninos paus de esteva. Numa curta pesquisa pela blogosfera, encontrei também este riquíssimo testemunho, situado na Fajã Grande, Açores, pela mão do autor do blog "picodavigia.blogs.iol.pt":
" As vacas de fava eram construídas geralmente no tempo em que o gado andava no “oitono”, ou seja, durante os meses da Primavera. À tardinha, enquanto os nossos progenitores e os outros homens, agrupados em função das proximidades das terras onde tinha o gado amarrado à estaca, aguardavam, em amena cavaqueira, a hora da ordenha e enquanto os animais ruminavam a última “cordada”, ou porque as houvesse ali por perto ou porque as fôssemos procurar mais além, apanhávamos algumas vagens de fava, escolhendo as mais compridas e grossas e as que julgávamos de maior beleza estética. Depois arranjávamos quatro “fochos”, cortávamo-los todos do mesmo tamanho e “falquejávamo-los” numa das extremidades. Eram essas extremidades que depois espetávamos no bordo mais côncavo da fava ou seja do lado em que o pé da mesma se curvava, de maneira a simular o focinho do animal, enquanto os pauzinhos espetados representavam as mãos e os pés. Depois descascávamos uma outra fava, escolhíamos um grão que prendíamos entre as pernas da vaca recém-criada, a fazer de “mojo”, e cujo tamanho variava consoante queríamos uma vaca acabadinha de parir ou uma gueixa alfeira. Aos bois era-lhes espetado um pequeno “focho” na barriga a imitar o falo. Finalmente dois “fochos” no lado da fava que representava a cabeça e estava um animal perfeito, com o qual brincávamos durante alguns dias apenas, pois as favas tinham um prazo de validade bastante limitado."
Excerto extraído do endereço:
http://picodavigia.blogs.iol.pt/tag/jogos-e-brincadeiras/
" As vacas de fava eram construídas geralmente no tempo em que o gado andava no “oitono”, ou seja, durante os meses da Primavera. À tardinha, enquanto os nossos progenitores e os outros homens, agrupados em função das proximidades das terras onde tinha o gado amarrado à estaca, aguardavam, em amena cavaqueira, a hora da ordenha e enquanto os animais ruminavam a última “cordada”, ou porque as houvesse ali por perto ou porque as fôssemos procurar mais além, apanhávamos algumas vagens de fava, escolhendo as mais compridas e grossas e as que julgávamos de maior beleza estética. Depois arranjávamos quatro “fochos”, cortávamo-los todos do mesmo tamanho e “falquejávamo-los” numa das extremidades. Eram essas extremidades que depois espetávamos no bordo mais côncavo da fava ou seja do lado em que o pé da mesma se curvava, de maneira a simular o focinho do animal, enquanto os pauzinhos espetados representavam as mãos e os pés. Depois descascávamos uma outra fava, escolhíamos um grão que prendíamos entre as pernas da vaca recém-criada, a fazer de “mojo”, e cujo tamanho variava consoante queríamos uma vaca acabadinha de parir ou uma gueixa alfeira. Aos bois era-lhes espetado um pequeno “focho” na barriga a imitar o falo. Finalmente dois “fochos” no lado da fava que representava a cabeça e estava um animal perfeito, com o qual brincávamos durante alguns dias apenas, pois as favas tinham um prazo de validade bastante limitado."
Excerto extraído do endereço:
http://picodavigia.blogs.iol.pt/tag/jogos-e-brincadeiras/
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